Não era pra ser assim
Não era pra ter política nesse blog, mas tem coisas que assustam a gente tanto, mas tanto, que acabam fazendo a gente se manifestar pelos meios que tem!
Depois das minhas brigas com a NET/Virtua, já tinha chegado a uma conclusão (que deveria ser meio óbvia, mas que quem foi criado num ambiente que valoriza a ética e a honestidade acaba não percebendo, mais por medo de ser verdade do que por falta de visão – o pior cego, aquela coisa sabe?):
- Neste país ser desonesto é mais vantajoso que ser honesto.
Explicando: Se eu ao invés de tentar resolver o problema com a net do “jeito certo” tivesse simplesmente deixado de pagar a conta, o resultado seria o mesmo, e se bobear ainda recebia uma indenização na justiça por eles terem feito cobrança indevida. Infelizmente, sou honesto. Me estressei e ainda não sei se o problema está resolvido.
Mas não foi isso que me causou indignação, mas sim a seguinte notícia[1]:
- «”PT vai defender plebiscito sobre privatização da Vale
(…)
O partido defende que a privatização foi fraudulenta porque a companhia foi vendida por R$ 3 bilhões e atualmente vale R$ 50 bilhões.» by Folha de São Paulo
Ein? Como? Quando?
Quer dizer… Agora a justiça se decide por plebiscito? Chega de justiça técnica e independente, agora é olho por olho e dente por dente?
Quer dizer, Justiça é pra ser supostamente “cega” e não “politizada”. Plebiscito é naturalmente político. É uma votação, meu Deus!
Que loucura é essa?
E as repercussões? O que vão fazer com a vale? “Tomar” de volta independente dos investimentos feitos pelos novos donos? (Vide Petrobrás na bolívia) E pagar pra eles o preço atual ou o da época? Ou nada?
E a comunidade internacional? O que vamos dizer pra eles? “Fodam-se” aqui não respeitamos as leis? PELO AMOR DE DEUS! QUE MERDA É ESSA???
Que um “enéias” da vida defenda esse tipo de absurdo é aceitável, mas esse é o partido que está no governo! Com a faca e o queijo na mão!
Sério, de agora em diante vou sair de casa com medo de que o Bush queira “democratizar” o Brasil.
Notas
- ? Site da Folha de São Paulo acessado em 1/9/2007.
—girino 21:25, 1 Setembro 2007 (BRT)
P.S.
Só queria deixar um aparte praqueles que vão fatalmente me acusar de reacionário, anti-revolucionário ou qualquer coisa do gênero:
- Sou de esquerda, sempre fui de esquerda e sempre serei de esquerda!
Mas esse tipo de notícia não tem NADA A VER com a inclinação política do indivíduo. Tem a ver com a LEGALIDADE! Quer dizer, se eu não posso confiar nem mesmo nos direitos constitucionais básicos (artigo 5 a 14 da constituição federal, que listam os direitos individuais, políticos, sociais e dos trabalhadores), porque podem fazer um plebiscito contra eles, quem dirá o resto?
Justiça tem de ser técnica. Feita por quem sabe a lei. Com os procedimentos que garantem a defesa do individuo, que garantem que o estado não vai oprimir o cidadão, que garanta que a sociedade se sustente a longo prazo, e não apenas durante os próximos 4 anos, que nem se faz política.
Democracia e liberdade são coisas lindas, mas que tem de ser “seguras no laço” senão fogem! E passar por cima da justiça porque é a “vontade política do momento” é um suicídio da democracia e assassinato da liberdade!
Me desculpem, mas eu estou realmente desconcertado com essa notícia. Estou começando a achar que o atelta americano estava certo:
- Bem vindo ao Congo!
—girino 21:35, 1 Setembro 2007 (BRT)
P.P.S.
Depois de um tempo vi que tem mais uma coisa na minha posição política que não ficou clara:
- Eu fui, sou e sempre serei contra a privatização da Vale nos moldes em que ela foi feita.
Basicamente, vendeu-se o monopólio do subsolo brasileiro, já que a vale tem concessão de extração pra cerca de 80% do território nacional (i.e. todos os lugares onde existe a mais remota possibilidade de existir algum tipo de minério). Monopólio estatal já é ruim, imagina monopólio privado? O correto seria ter desmembrado a Vale em centenas de empresinhas, cada uma com um “pedacinho do Brasil” pra explorar. Aí elas tinham de competir entre si e tudo mais. Sobre o preço, não discuto. Não sei avaliar e não vou ir tão além das minhas sandálias.
Sobre a venda, se o processo foi feito de forma errada, acione-se a justiça e decida-se a forma de se indenizar o estado pelas supostas perdas. Culpem-se os culpados sem prejudicar os inocentes (se o FHC ou sua equipe fizeram uma venda ilegal, façam com que ELES venham a ressarcir o estado, e não quem comprou a Vale, que comprou dentro das regras, em competição, se pelo contrário quem agiu de forma ilegal foi a empresa, aí sim ela perca a venda e tenha de ressarcir o estado).
Imaginem a situação da Escola Base, onde os donos tiveram a escola depredada pela população depois que a veja e a globo fizeram reportagens com informações falsas e fantasiosas. Um plebiscito é isso, o povo com raiva, sem analisar friamente as provas, sem dar direito de defesa, sem procurar culpados, só bodes expiatórios. Justiça tem de ser técnica, senão é injustiça!
—girino 10:58, 2 Setembro 2007 (BRT)