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CLT x PJ

O Coragi da experilmes perguntou como calcular se valia a pena mudar de um emprego PJ @ wikipedia.org (pt) pra um CLT @ wikipedia.org (pt). Como a conta não é fácil, fiz essa planilha ai em baixo, que está aberta pra quem quiser editar em: http://spreadsheets.google.com/ccc?key=pkGIIoRl9u7Dhu_UoUDcfOg

(Atenção: ao editar diretamente no google docs, os dados estarão visíveis para todos, cuidado ao inserir dados confidenciais).

Ou pra quem quiser fazer o download nos formatos:

  • ODS (Open Office/BROffice)
  • XLS (Excell)

A planilha calcula IRPF @ wikipedia.org (pt), INSS @ wikipedia.org (pt), férias e 13o salário automaticamente, ainda calcula o desconto de 20% na base de calculo do IRPF, considerando o desconto da declaração simplificada. Não incluí FGTS @ wikipedia.org (pt) pois nem todos consideram isso uma vantagem. Quem baixar as versões XLS e ODS poderá ver como é feito o cálculo.

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Manga ou mangá?

Turma da Monica Jovem (Capa edição 1 - ago 2008)

Turma da Monica Jovem (Capa edição 1 – ago 2008)1)

Caiu na minha mão por acaso e curiosidade2) um exemplar do tão hypeado mangá da Turma da Mônica Jovem. como minha curiosidade me matava, li e resolvi comentar. Não que seja ruim, longe disso. O Maurício de Souza com sua mão de ferro controla muito bem a qualidade do que sai do seu estúdio. Mas decepciona, porque não atende ao hype! Ou pior: de mangá só tem o nome!

Exagero meu. Alguns dos personagens ainda obedecem a estética do mangá, mesmo que de leve. E a cena clássica do garoto tímido sendo espremido nos mamás3) da menina estava por lá. Os desenhos caricatos estilo boneca de pano e o uso de tracejados nas bochechas pra dar expressão aos personagens também. Mas pra mim isso não basta! Quatro andorinhas só não fazem mangá!

Faltou ambientação, faltou cenário e faltou um roteiro de mangá. Personagens secundários com arte tradicionalmente “Maurício de Souza”, cenários simplistas, excesso de diálogos e um roteiro tipicamente turma da Mônica permeiam toda a revistinha4).

Bécassine, uma das precursoras das HQs modernas, era uma historinha narrada abaixo de desenhos ilustrativos.
Bécassine, uma das precursoras das HQs modernas, era uma historinha narrada abaixo de desenhos ilustrativos.

Quando eu leio um mangá “de verdade” eu chego no final com um gostinho de quero mais, se não por nada, porque passou rápido: mangá abusa de informação visual, restringindo a informação verbal ao mínimo necessário. A “arte” é o desenho, e não o texto. Já a Turma da Mônica tradicional, no melhor estilo Bécassine, abusa inclusive do recurso do narrador. Gaças a Deus não tinha narrador nessa historinha, mas ainda assim, a história era escrita, com desenhinhos pra ilustrar, e não o contrário.

Faltou dinamismo nos desenhos (claro, só os 4 personagens principais são mangás), faltaram aquelas longas cenas de movimento, onde o fundo congela e o sangue do leitor também.

Como eu disse, não ficou ruim. O Maurício de Souza não ia deixar. Mas não é mangá. É tão e simplesmente Turma da Mônica!

References

References
1 Foto protegida por direitos autorais, usada sob proteção da lei 9610/1998, art. 46, pp. III e VIII. Não usar fora do contexto deste blog.
2 Ok, confesso que comprei, tinha um último na banca e fiquei curioso…
3 ©Muriloq
4 Nesse ponto eu já desisti de chamar de mangá, e gibi é coisa de paulista
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Porque o google erra as contas?

O Joel mandou um mail hoje perguntando:

Tem alguma boa explicação pra 399999999999999-399999999999998 no google retornar 0?
se 399999999999999-399999999999997 é igual a 2 e 399999999999999-399999999999999 é igual a zero (por sinal, como deveria).

Pro que eu respondi, assim por alto:

Erro de precisão. Ele não trabalha com precisão arbitrária (número infinito de dígitos) e converte isso daí pra:

(3,99999999999999 * 10^14)  – (3,99999999999998 * 10^14), e representa esses caras em binário, com, digamos 32 bits. Aí, em binário, a diferença entre esses caras fica na 33a casa, mas a diferença entre 399999999999999 – 399999999999997 fica ainda na 32a (a diferença é o dobro, logo, uma casa antes em binário 🙂 ).

Por isso o primeiro dá errado e o segundo não.

No email eu dei uma resposta até curta, porque não achei que fosse algo tão importante! Mas em pouco tempo a jess me manda no google chat:

5:18 PM jess.listas: Obrigada =)
5:19 PM me: por?
jess.listas: Relevar o grande mistério da humanidade. Me encaminharam um e-mail seu explicando porque o google erra em algumas contas com numeros grandes

Não sabia que a repercussão da minha resposta ia ser tão grande, então resolvi logo escrever um post a respeito. O Problema que acontece com o google chama-se:

Erro de precisão

E pode acontecer com qualquer um… Quer dizer… Com qualquer sistema digital. O lance é o seguinte: Computadores, e sistemas digitais em geral, representam o número usando bits. Cada sistema pode ter seu padrão, mas o número de bits que se reserva pra representar um número é limitado. Já ouviu falar de sistemas de 16, 32 ou 64 bits? Pois então, esses são os tamanhos que são reservados para armazenar um número inteiro. Em geral, se você tenta enfiar1) um número maior que isso dentro do inteiro, ele simplesmente não aceita e dá erro. Outros sistemas simplesmente ignoram o erro e “comem” um pedaço do número, e você fica com um “restolho” inútil que não te serve pra nada, sem nem mesmo saber disso.

Pra evitar esses problemas, ao invés de usar números inteiros, alguns sistemas usam “números de ponto flutuante”, ou “números reais”. Ao invés de armazenar 399999999999999 como 399999999999999, armazena-se 399999999999999 como 3,99999999999999 times 10^{14}. As casas depois da vírgula que não couberem dentro do tamanho estipulado são simplesmente descartadas. E é isso que o google faz2), e é por isso que vemos esses erros. Pra dar um exemplo prático, vamos usar um sistema com, digamos, 4 bits. Nesse sistema, vamos subtrair alguns números e ver no que dá:

frac{begin{array}{cr} & 19 \ - & 18 end{array}}{begin{array}{cr} = & 1 end{array}}

Bom, 19 em binário é 10011 e 18 é 10010. Ambos tem mais de 4 bits, então eles serão representados como 1,001 times 2^{4} e 1,001 times 2^{4} respectivamente. Mas, veja bem! Ao eliminar os últimos bits, eu eliminei exatamente o que os números tinham de diferente. Agora ao efetuar a subtração tenho:

frac{ begin{array}{cr} & 1,001_{b} times 2^{4} \ - & 1,001_{b} times 2^{4} end{array} }{ begin{array}{cr} = & 0,000_{b} times 2^{4} end{array} }

Aí vem a outra pergunta:

Porque então 399999999999999-399999999999997 deu a resposta certa?

Essa pode parecer mais difícil, mas tem exatamente a mesma explicação. em binário, 2 ocupa uma casa a mais do que 1: 2 em binário se escreve 10 enquanto 1 se escreve apenas 1. Isso quer dizer que, se eu estou “no limite” de casas decimais, o número 2 consegue ficar dentro da minha precisão, enquanto o número 1 já não consegue mais. Com o nosso exemplo, usemos 17 ao invés de 19. Bom, 17 em binário é 10001, e nossa conta com 4 bits fica assim:

frac{ begin{array}{cr} & 1,001_{b} times 2^{4} \ - & 1,000_{b} times 2^{4} end{array} }{ begin{array}{cr} = & 0,001_{b} times 2^{4} end{array} }

Ajustando o expoente temos que 0,001_{b} times 2^{4} = 1_{b} times 2^{1} = 10_{b} , ou seja, 2.

Então, munidos dessa informação, podemos viajar ainda mais e descobrir

Quantos bits o Google usa para representar números reais?

Como vamos fazer isso? simples. Sabemos que 399999999999999-399999999999998 dá erro, enquanto 399999999999999-399999999999997 não dá. Com isso sabemos que 399999999999999 tem exatamente um único bit a mais do que a precisão que o google usa. Basta então descobrirmos quantos bits a representação binária de 399999999999999 usa, e esse será nosso npumero mágico de bits. Então vamos lá. Segundo minha calculadora do linux, 39999999999999910 = 101101011 1100110001 0000011110 1000111111 11111111112. Contando os bits temos 49 bits. Parece um número estranho, afinal eu falei de 16, 32 e 64. De onde veio esse 49?

Bem, em primeiro lugar, o bit mais significativo (i.e. o bit mais a esquerda) não precisa ser armazenado: ele é sempre 13). Assim, baixamos pra 48. Um número par pelo menos, mas cadê o resto? Bom, a potência que eu representei antes “a parte” precisa ser armazenada em algum lugar. Os bits que faltam pra completar 64 são os bits que eu uso pra armazenar o expoente, ou potência. Assim, 48 bits representam a “mantissa” e os 16 bits restantes representam o expoente4).

Conclusão

Não sei bem que conclusão tirar do fato de termos apenas 48 bits. Preciso estudar melhor o padrão IEEE 754 pra entender isso. De qualquer forma, uma conclusão fica latente:

A calculadora do google não usa python!!!

Isso porque, em python os números tem precisão infinita, e essa conta ficaria assim:

>>> print 399999999999999-399999999999998
1

Então, fica a sugestão para os desenvolvedores da calculadora do google: usem python ou alguma biblioteca de precisão arbitrária, para, pelo menos, não confundir os usuários.

References

References
1 Eu ia dizer xuxar mas quem não é mineiro não ia entender
2 Ou pelo menos deve fazer
3 Já ouviu falar de zero a esquerda? Pois é, não existe zero a esquerda, e como em binário só existe 0 ou 1…
4 Como esses valores não correspondem ao padrão da IEEE eu suponho que por algum acaso ou mistério da natureza, os números não estão sendo normalizados como deveriam, e por isso usam menos do que os 52 bits do padrão.
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O maior erro da humanidade

Navegando por aí esbarrei nesse artigo, onde o Jared Diamond tenta mostrar que a revolução agrícola foi não um avanço, mas um retrocesso na evolução da humanidade, e que gerou diversos dos problemas que temos até hoje, como estratificação social, desigualdade entre os sexos e despotismo, além de ter piorado e muito a vida dos nossos ancestrais (piores índices de saúde, longevidade e maior jornada de trabalho). link

Num artigo sobre o mesmo assunto, Ricardo Andrés Guzmán apresenta um modelo econômico para essa transição, mostrando e quantificando esta piora de qualidade de vida. link

Ainda sobre assuntos relacionados, mas de forma específica, esse artigo do Richard Steckel mostra como as tríbos nômades da américa do norte eram bem alimentadas a ponto de serem o povo mais alto da terra naquela época. link.

thanks Cláudio Shikida

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De ministro a humorista é um pulo!

O cômico mor Presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, foi tão, mas tão além das sandálias que virou expert em segurança de informação, soltando a frase mais cômica de toda a história dessa disciplina:

“A urna eletrônica é segura. É impossível conhecer o conteúdo do voto, fraudar o resultado da eleição e impossível entrar no programa para desfigurá-lo”1)

E ainda dá vida à coisa:

“a urna eletrônica se auto-defende. Ela se fecha e está auto-imunizada.”2)

Senhor ministro, sei que nunca em são consciência o senhor, humorista que é, leria meu blog, mas caso leia: por acaso você acha que os sistemas vem com as falhas de segurança “por opção do vendedor”? Que um sistema que não é aberto para ser auditado pelos estudiosos dessepaiz pode ser considerado seguro somente porque “o ministro mandou”? Seja mais sensato e se atenha às suas sandálias!

(e hoje eu vou dormir rindo e lembrando De Gaulle, tão sensato na sua estupidez…)

Update:

O sapão também comentou no blog dele essa crise de humorismo do nosso ministro:

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Latex, again?

Instalei um plugin de LaTeX no meu wordpress!! Uhu! funciona! Agora posso contar a piada do ricbit:

Um 8 e um e^x andavam tranquilamente por uma rua, quando de repente o 8 se jogou em um beco e se escondeu. O e^x, preocupado, foi atrás dele:

  • O que aconteceu, 8?
  • É que vem vindo ali um operador de derivada. Ele é um desses bullies que vivem me enchendo. Se ele me pega não sobra nada!
  • Pois eu vou atrás dele. Eu sou um e^x e ele não consegue fazer nada comigo.

Então o e^x vai até o operador de derivada e fala com ele:

  • Pare de incomodar o 8! Eu sou um e^x, e você não consegue fazer nada comigo!
  • Muito prazer, e^x. Eu sou o frac{d}{dy}.

(fade out com trilha sonora: http://www.sadtrombone.com/)

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Knol, ou uma enxurada de girinadas.

O google lançou o seu complemento/concorrente da wikipédia: knol!

É tudo que um girino pediu a Deus! Nada de fontes, referências, ponto de vista neutro, o escambau aquático! É simplesmente um repositório de conhecimento, QUALQUER UM! Quer lugar melhor pras minhas girinadas? Pois já comecei por lá: escrevi um artiguinho sobre a Lilica Westies, copiei pra lá sem tirar nem por meu tutorial de fractais, e o que eu gastei mais tempo: um artigão, em inglês, introdutório sobre compressão de dados. (Essa foto aí do lado é uma das ilustrações toscas que eu fiz pro artigo 😉 ) Quem animar, dê uma olhada:

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