2007 October 22 22:45:04 BRT

Esse é grande, pensei até em dividir em capítulos… Ah, mas um blog grande não doi em ninguém, então lá vai:

Meus assaltos

Pra quem vive no bananão[1], sempre tem um caso de assalto ou outro tipo de violência pra contar. Apesar de bem atento, é claro que eu também tenho os meus. E por increça que parível, nem todos foram no Brasil!

O primeirão

O primeiro não foi bem um assalto, foi uma tentativa de roubo da bolsa da minha mãe. Eu era novinho, uns 7 ou 8 anos de idade. Meu irmão era um pouquinho mais velho, talvez uns 10 anos. Alias, como não lembro das datas, esse pode nem ser o primeiro, porque pode ter acontecido antes, durante ou depois do segundo. Enfim, escolhi uma ordem e vou ficar com ela.

Era início da década de 80, quando eu morava na frança e saímos de férias pela Itália. O roteiro era estronho. Algo como Milão, Veneza, Pisa e Nápoles (meu irmão tinha estudado Pompéia na escola e queria porque queria ver o Vesúvio. Eu queria também, criança adora vulcão, dragões e bruxaria. Gente queimada? Melhor ainda!

E fomos…

Foi em Pisa, um dia a noite, quando voltávamos pro hotel que aconteceu: Primeiro uma gritaria, depois um bando de gente correndo. Depois minha mãe gritando, eu correndo atrás dela e acho que pendurei na bolsa dela, ou puxei, ou sei-la. Meu irmão não entendeu bem, gritou também e correu. Os que puxavam a bolsa pra frente não conseguiram levar, a alça era forte, de couro, e não arrebentou. Acho que um deles estava de moto, pra fugir mais depressa, será?

Fui tudo muito rápido. Minha mãe caiu no chão, meu irmão alcançou a gente e os trombadinhas fugiram. Não sei se chorei, mas devo ter…

Enfim, voltamos pro hotel com o velho orgulho de brasileiro velho de guerra, imune aos assaltos bobos dos europeus, totalmente abalado. Aprendemos da pior maneira:

  • No mundo inteiro se assalta, em alguns lugares mais, noutros menos, mas em todo lugar, sempre!

O segundo

Foi ainda nos tempos de França, na bela e ingênua Les Ulis. Cidade industrial, habitada por operários, portugueses e árabes[2]. Alguns africanos sub-saarianos (hoje provavelmente maioria, na época nem tanto). E nem foi um assalto, foi um furto. Mas o desfecho foi interessante, então vale a pena contar.

Pra deixar claro, antes de tudo, sempre fui chorão! Desde bebê fui birrento, chorão e chato. Hoje sou só birrento e chato (e choro quando vejo filmes de animação da Disney, porque sempre tem uma cena triste). E nessa época, mais ou menos a mesma do primeiro assalto, não era nada diferente.

Pois então às terças e quintas (ou segundas e quintas, ou terças e sextas, ou qualquer outra combinação de dias que não me lembro bem) eu tinha aulas de judô. A rotina era a mesma: saia da aula, íamos eu, meu irmão e mais 2 ou 3 colegas. Trocávamos de roupa no vestiário, vestíamos os quimonos, guardávamos as mochilas nos escaninhos (sem portas, diga-se de passagem) e íamos pra aula.

Só que dessa vez tinha uma diferença: (aqui a memória me falha e pode ser ou não da forma como eu lhes vou contar, caros espectadores, mas enfim, acreditem piamente, pois a essência de tudo é a verdade da pureza de coração, e suas almas se abrirão para a verdade se tiverem fé no que digo… ou não… Voltando então à diferença:) Eu estava de relógio. Alias, eu acho que sempre estava de relógio, mas dessa vez um dos moleques árabes estava de espreita (as aulas eram cheias de árabes, como toda a cidade). Ou as vezes eles também sempre estavam e eu nunca tinha reparado. Ou dessa vez os que estavam de espreita não conheciam as regras, ou sei-la. Nem especulo mais.

Sei que quando saí da aula, o relógio tinha sumido. Tinham mexido na minha mochila e levado o relógio.

Como era de se esperar, abri o berreiro! Chorei, esperneei, gritei e tudo mais. O professor, claro, veio ver do que se tratava. Expliquei o que pude entre os soluços enquanto meu irmão explicava o resto. Um dos garotos mais velhos então contou:

  • Eu vi o Ahmed mexendo nos armários e ele até mostrou um relógio pros outros meninos. Será que não foi ele?

Munido da descrição do relógio e da direção que o ahmed tinha tomado (apesar que a cidade era pequena e quem frequentava o judô era só gente do bairro. Seria fácil descobrir onde ele morava) o professor foi correndo atrás dele. Nesse meio tempo, ainda choroso, fui pra casa.

Claro que criança, no dia seguinte já tinha esquecido tudo. Acordei alegre e fui pra aula. Fiz as bagunças de sempre, que me valiam sempre um 0 em “comportamento” (sim, sim, lá naquela terra ultramarina ainda se usa dar nota por comportamento das crianças na escola. Por culpa dela minha média nunca era 10). E na hora do recreio, o Kareem veio me procurar:

  • Oh girino, desculpa. Se eu soubesse que o relógio era seu eu não teria deixado meu irmão pegar!

Coincidência ou não, o menino que tinha roubado meu relógio era irmão de um colega meu de sala. O Kareem me entregou de volta o relógio, com direito a um pedido de desculpas do irmão mais tarde, na próxima aula de judô.

Mais uma estória com moral: Não sei o quanto o medo de um professor de judô grande e forte (ui!) tem a ver com isso, mas ser amigo da bandidagem sempre tem seu lado bom!

O terceiro, ou o primeiro dos que nunca aconteceu

Esse foi na minha adolescência, lá pros meus 14 anos. Magrelo e miudo (sim, eu não era gordinho na época… juro!) era um alvo fácil pra meninos maiores.

Eu voltava do colégio a pé, pela Av. Antônio Carlos, e subia uma ruazinha que entrava no meu bairro. Na esquina dessa ruazinha tinha um boteco copo sujo, de cerveja barata, cheio de pedreiros, taxistas e malacos de todo gênero. Tinha uma fabriqueta também, que fazia pastas de papel, destas de arquivo. E outras oficinas, madeireiras, pedreiras e coisas do gênero. Enfim, na hora da minha ida pra aula, era apinhada de operários descansando sob as árvores, e na volta da aula, eu cruzava (no bom sentido) com eles todos voltando pra casa. Eu era figura conhecida do dia dia deles, e eles do meu. Coisa de um bom dia aqui ou ali, acenos e coisa e tal. Mas nada mais longo que um bom dia ou boa tarde.

Nesse dia, quando passei pelo boteco, já vi logo um metaleiro, cabeludo, de espreita. Ele parecia tar mesmo precisando de alguma coisa. Apressei logo o passo, mas ele começou a me acompanhar, pelo outro lado da rua. Com medo eu disfarçava e acelerava, mas ele acelerava também, até que veio pro meu lado da rua. Na mão ele trazia uma garrafa de vidro, daquelas de coca cola, duras pra quebrar, boas pra bater!

De medo, não tive coragem de olhar pra trás. Mas logo adiante passei por um dos operários. Um mais velho que eu já cumprimentara antes. E quando eu vi, ele acelerou e começou a falar com o metaleiro atrás de mim.

Um operário, é claro, é muito maior e mais forte que um adolescente metaleiro afim de assaltar outro. Então tive coragem de olhar pra trás e vi: A garrafa estava pronta pra bater, e a direção era minha cabeça. Com o operário por perto, a coragem do outro sumiu, e não fui eu pra ver o resultado da coisa. Pelo tom da conversa, foi só uma reprimenda. Sei que corri até em casa, onde suspirei fundo: Era o primeiro dia em que tinha levado minha calculadora científica, uma coisa rara e difícil de se obter, pelo menos na época e nos meios que eu freqüentava. E ela foi salva por um dos operários que eu cumprimentava no caminho. O galo na minha cabeça seria com certeza um prejuízo pior, mas mesmo assim o alívio de salvar a calculadora foi grande. Tentei agradecer o operário, mas nunca mais vi, até que esqueci a cara dele. O metaleiro também não.

Será que tem moral nessa estória? Algo como: cumprimente os operários e eles te salvarão? Não sei, tá mais pra: quem tem sorte não é assaltado! Ou então: Metaleiros não sabem assaltar!

Aparte

Tou achando que este texto não dos meus assaltos mas dos meus quase assaltos. Até agora nenhum deu certo. Bem, talvez o próximo…

O quarto, ou aquele que deu certo

Finalmente, tinha de chegar a um assalto que deu certo. Mas foi por pouco…

Meu pai tava em BH, na casa da minha tia. Lá no centro, perto do shopping cidade. E eu fui lá pra ver ele. Na volta, eu sempre descia e tomava o ônibus 1202[3] na esquina de são paulo com tupis. Só que já tava de noite, o ponto vazio, e eu no alto dos meus 15 anos resolvi esperar assim mesmo. Então surge um malaco amador. 16, 18 anos. Não sabia avaliar na época (e até hoje não sei). Era maior e mais forte que eu, com certeza. Mas não tinha aqueeeeeeela cara de malaco… era um malaquinho em treinamento. Mas eu era um burguesinho em treinamento, então dá na mesma. De cara ele já chega cometendo erros crassos:

  • O 1803[4] passa é aqui?

E como nunca tinha ouvido falar desse ônibus, perguntei, inocente: Qual?
Aí olhando melhor pra placa que listava os ônibus e percebendo o próprio erro ele tenta remendar:

  • O 1503[5] passa é aqui?

Percebi que tinha alguma coisa errada, mas minha inocência falou mais alto que meus instintos e decidi ficar. Enquanto isso o pré-malaco ficava rondando, vigiando, parecia com medo. Pediu dinheiro pra passagem dele. Disse que só tinha o trocado da minha, que não ia ter como pagar a dele. Continuou rondando, até que chegou perto de mim. Perto demais, diria, e aí caiu a ficha:

  • Ó eu só maior que você, se você tentar correr eu te quebro. Me dá sua grana aí que eu preciso pra voltar pra casa.

Eu insisti que só tinha a grana da passagem, e ainda tentei argumentar. Mas ele exigiu: Então mostra.

Tentei uma de prestidigitador. Mostrei, com as notas pequenas na frente, abrindo elas, fingindo não ter nada atrás. Nem sei os valores, na época nem existiam os reais e as notas eram nas casas dos milhares, ou até mais. Por um momento ee aceitou, mas aí o olhar de dúvida passou pela mente dele:

  • Vira as notas.

Não teve jeito, tive de mostrar. O dinheiro era pouco, algo que não chegava aos 15 reais em dinheiro de hoje. Talvez não chegasse a 10! Ainda assim eu argumentei:

  • E como eu vou voltar pra casa?

Comovido, assustado, ou seja lá o que for, ele tirou do bolso um vale transporte e me entregou:

  • Toma, pode voltar com esse vale.

Aparte 2

Depois disso fiquei um pouco paranóico, aprendi um pouco, e virei riponga. As 3 coisas me ajudaram a ficar fora de encrencas durante um bom tempo. Quer dizer, ficar fora de assaltos… Encrecas eu me metia toda semana… Ou mais…

Mas disso tudo vem também o próximo caso, que não chega a ser o 5º porque não sei se viria a ser…

Quarto e meio, ou o segundo dos que nunca aconteceu

Voltando, como sempre, no mesmo cenário: A ruazinha que sai da antônio carlos e vai pra casa da minha mãe. Muda a época… Eu agora tenho 20 e poucos anos, cabelo maior, roupa mais solta, estilo meio Hippie moderno, pulserinhas trançadas, sandálias de couro, calça jeans rasgada…

Muda também o horário. Não sei direito, mas já era noite. Nem tão tarde assim, porque o cursinho que abriu no lugar da pedreira estava tendo aulas…

E foi atrás do cursinho que aconteceu.

De longe eu vi chegando um malaco. Não dava pra ver direito quem era, só o gingado do andar de malaco. De longe ele me viu e chamou:

  • Vem aqui pra luz preu ver quem você é!

Fui pra perto do poste, ele também veio. Era um cabeludo mais velho, conhecido da juventude rebelde do bairro. Loiro, barbudo, passava o dia inteiro nas ruas do bairro, fumava com todos, cheirava com tantos. Enfim, malaco conhecido, respeitado pela região. Quer dizer, em bairro de classe média, sabe como é… Respeitado pela “galera do mal”, temido pelos adolescentes playboys e ignorado pelos nossos pais. Pra eles era só “o filho maluco da dona fulana, coitada, ele num presta pra naaaada! Desempregado até hoooje…”[6]

Aí é que entra o “meio” da estória. Será que se não fosse eu ele ia assaltar? Ia só assustar? Ia fazer alguma coisa? Não sei, sei que o resto foi meio surreal:

  • Ah, você eu conheço! Vem cá, preciso de ajuda pra olhar um negócio aqui, me dá pezinho.

Me guiou até o muro do cursinho, dei pezinho pra ele, e ele subiu. Não sei exatamente o que queria ver, mas satisfeito com o que viu, desceu e despediu de mim. Voltou pras sombras. Pra esperar o próximo? alguma vítima? ou era só curtir a loucura de algum baseado mesmo?

Vai saber…

O quinto, que fez meu sobrinho achar que eu sou herói

Eu tava nervoso, Alguma coisa no serviço não tinha dado certo, ou tinha, sei-la, e além de tudo a minha sobrinha tinha acabado de nascer. Eu todo suado de um dia de trabalho com ar-condicionado estragado no caro da Anita, que nem era dela, e com a pressão de voltar pra casa com ele antes de escurecer pra não tomar bronca do pai. Era final de tarde e íamos visitar a recém nascida. Sei-la de onde saímos, íamos pros lados da Silviano Brandão, onde tem uma maternidade. O caminho óbvio passava pela Afonso Pena, e naquela época não tinha guaritinhas bonitinhas com gambés dependurados nem câmeras de vigilância pra todo lado.

Parados no sinal, eu meio dormindo, meio alerta, naquele estado que só gato escaldado, lebre e leão ficam enquanto dormem e vigiam a presa e o predador. Não sei se ele não me viu, se o desespero era tanto, sei que derrepente meu cérebro “acordou” ao som das palavras mágicas:

  • Ô dooona[7], me dá dez real?!?

O automatismo do processamento foi rápido:

  1. Ninguem pede 10 reais. Pede 10 centavos, 1 real, até 2! 10 é no mínimo extorsão e quase certamente assalto!
  2. “me dá” não é jeito de pedir. Ele estava “exigindo” dez reais! Com certeza era assalto.

Olhei pro lado e da mão dele, já toda enfiada pra dentro do vidro aberto do carro saia algo pontiagudo e brilhante. Caco de vidro? Faca? Pedaço de latinha de cerveja afiado no meio fio? Se-lá, e nem tive tempo de saber. Dei um tapa na mão dele, que ele tirou logo de dentro do carro e comecei a ameaçar:

  • Some daqui, moleque, senão eu te quebro! Some, sai correndo antes que eu abra a porta do carro.

Enquanto isso eu lutava co mo cinto de segurança, esbravejava e o moleque andava pra trás. Só aí comecei a ver a situação: era um menino de uns 13 anos, subnutrido e raquítico. ele chorava, com medo de correr e com medo de ficar, tremendo um pouco, tentando esconder o objeto cortante:

  • Oh moço, num me bate não, eu só fiz isso porque tô com fome. Num me bate não.
  • Corre senão eu vou te quebrar, moleque!
  • Num me bate não moço…

Até que o sinal abriu, a Anita arrancou o carro e o moleque ficou pra trás.

Ela, ainda sem entender, me perguntou o que foi aquilo.

  • Você não viu não? Ele tentou te assaltar!

A coisa foi tão depressa que ela nem tinha percebido a faca, a frase “mágica”, as ameaças e os outros detalhes.

Finda a coisa toda, chegamos na maternidade. A adrenalina ainda alta no meu sangue, contei o caso pra todo mundo. Meu sobrinho, com 4 anos na época, não lembra mais de nada do caso. Só lembra que eu briguei com o assaltante e salvei a Tia Anita. Pra ele eu virei Herói.

Essa estória me ensinou uma moral, que acabei esquecendo de por em prática no último causo: Sigas seus instintos, desconfie dos detalhes, não dê asa a cobra!

Por-ultão[8], quando eu tinha 500 reais na carteira, meu celular virou faca e eu acabei dando 5 reais pro assaltante tomar ônibus

Ixi, contei o final ;). Mas é bem assim. Ganhamos um Bônus no serviço, que tinha de ser pago em espécie. Era o jeito mais seguro de não pagar imposto ou o que quer que seja em cima dele. E tava tudo na minha carteira, em notas de R$ 50,00. Peguei carona com o elton, e ao invés de descer no Diamond Mall, resolvi descer na praça da assembléia. Nem era tarde, umas 8 ou 9 da noite. Escuro, claro, mas não tarde. Tinha movimento na rua, e o ponto do lado oposto da avenida tava lotado. Mas do meu lado tinha só um cara, e outro atravessando a rua, que ele chamou.

De longe eu vi: é malaco!

Mas não, meu “eu” politicamente correto falou mais alto:

  • São só dois filhos de Deus, que não tiveram a mesma sorte que você, querendo também pegar um ônibus.

Pra quê! Não demorou 2 minutos e um deles já me abordou:

  • Aí, nós tamos sem grana pra pagar o ônibus, tem como você pagar a passagem pra gente?

Ainda acreditando na bondade humana, respondo:

  • Não se preocupa, dentro do ônibus eu acerto com o trocador e fica tudo certo.

Mas ele não se convenceu, ou melhor, não tinha recebido o que queria.

  • Olha, nós somos da pedreira, você conhece a pedreira[9]?
  • Conhecer, não conheço não. Mas já ouvi falar!
  • Pois é, lá na pedreira a gente só anda berrado, tá ligado?

Nisso ele levantou a camisa e mostrou, preso na cintura, o “berro” que ele estava carregando.

Durante algum tempo ele exaltou pra mim as virtudes de ser da pedreira, tentou me vender a arma por 300 reais, pediu (ou melhor, ordenou) pra eu não levantar as mãos daquele jeito senão iam pensar que ele tava me assaltando; ameaçou que se eu chamasse a polícia, ele até ia preso, mas que ele já tinha sido preso antes e que em uma semana ele tava solto e ia atrás de mim, e mais um monte de coisas.

Acho que ele tava inseguro, ou não conseguia se expressar, ou eu que sou bom de papo. Mas em nenhum momento desse tempo que pode ter durado só 5 minutos, mas pra mim foi uma eternidade, ele me pediu minha carteira, meu dinheiro ou anunciou um assalto. Ele sempre tentava me assustar, nunca pedia ou exigia nada.

Aí o amigo dele chegou pra perto:

  • O que e isso daí no seu bolso?
  • É meu chaveiro.

(Na verdade era o celular)

  • Tem certeza? Não é uma faca não? Não põe a mão nesse bolso não…
  • Não, que isso. E mesmo se fosse uma faca eu não ia tirar ela pra vocês…

E enquanto corre a discussão sobre a faca, o ônibus desponta de longe: Vrummmmm… (que onomatopéia horrível!)

  • Você não vai dar sinal presse ônibus não, você pega o próximo!

Foi aí que não sei como, me deu a louca, eu vi a luz, ou seja lá o que for! Sei que dei sinal e o ônibus parou bem na minha frente, quase no mesmo instante. O trocador veio logo pra porta, ver o que tava acontecendo. O malaco ainda tentou uma última:

  • Mas e passagem da gente que você ia pagar?

No susto, abri a carteira cheia de notas de 50 (e o malaco viu o que tava perdendo), tirei uma nota de 5 reais (a menor que eu achei), entreguei pra ele e corri pro ônibus.

Lá dentro o motorista e o trocador me deram a dica: esses dois estão todo dia aqui nessa região. Nesse ponto ou no outro ali de baixo. Já assaltaram vários velhos por aqui.

Eu pelo menos paguei só 5 reais pelo erro de não confiar nos meus instintos. Nada mal pro meu primeiro assalta a mão armada!

Conclusão

Queridos leitores, eis minha conclusão:

  • Se vires na rua um malaco, não dê asa a cobra: Foge que é assalto!

Notas

  1. ? by Ivan Lessa (eu acho)
  2. ? Na verdade argelinos, alguns tunisianos e um ou outro marroquino
  3. ? Pronuncia-se Doze-Zero-Dois, pra quem não é de BH ou não era vivo na época, ou nunca andou de ônibus, ou seja lá qual for a desculpa pra não saber.
  4. ? Dezoito-Zero-Três…
  5. ? Quinze-Zero-Três…
  6. ? as vogais repetidas são pra dar a ênfase devida do dialeto mineirês.
  7. ? vide o comentário do mineirês mais acima.
  8. ? É uma longa estória, vem da casa dos meus avós, quando minha mãe era pequena. Quando corriam os oito filhos pra mesa, o primeiro gritava “primeirão”, o segundo “segundão”, e quem chegava “por último” era o por-ultão.
  9. ? Pedreira Prado Lopes, uma das favelas mais perigosas de BH.

girino 22:47, 22 Outubro 2007 (BRT)


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