Esse é das antigas, desenterrei ele de um ex-ezine de poesias que meu irmão tentou manter (tinha sido um fanzine em papel, depois virou e-zine, depois virou google cache, depois nem isso, enfim…).
Era minha época de segundo grau… Ainda no século passado quando as moças eram formosas, o tempo era menos quente e eu não comia ninguém… O professor de português, que também era poeta (e famoso, pro nosso bico) vivia nos incentivando a escrever, com todo tipo de oficina. Dessa vez foi assim:
- Ronald: Cada um vai falar uma palavra com a letra C e eu escrevo aqui no quadro.
- Alunos: Casa! Comida!
- Aluno engraçadinho: Caralho!
E o Ronald escrevendo… Ele anotava essas coisas também porque o engraçadinho acabava ficando sem graça e parava.
Até que chegou minha vez:
- girino: Çutiã!
(risada geral)
- Alunos: Sutiã é com ésse, seu retardado!
Mas o Ronald não teve dúvidas, e colocou no quadro:
- Çutiã
E nesse dia nasceu esse conto:
Çutiã
Ela tirou o Çutiã e deixou ele na mesa. Transamos e ela foi embora. Deixou o Çutiã. Droga!! O que eu vou fazer com aquele Çutiã? Joguei fora.
Dling-dlong! Abri a porta: Ô seu moço, foi u sinhô qui perdeu esse Çutiã? Achei lá no lixo e pensei que só pudia ser coisa do sinhô e que caiu lá puringano. Tó! Peguei, fechei a porta, fui na cozinha. Joguei aquilo na triturador de lixo!
Bzz! Bzz! Bzz! Alô, aqui é da Copasa. Nós já mandamos pelo correio o Çutiã que o senhor deixou cair no triturador. Abri a caixa de cartas: Çutiã!! droga! Jogar na privada? não, não, não! a Copasa manda. Joguei no riacho pra água levar!
Aqui! Eu sou da prefeitura e eu acho que esse Çutiã veio do riacho que passa atrás da sua casa, deve ter caido do varal. Mil vezes droga! Joguei ele em cima da mesa!
Sabia que tinha esquecido ele aqui! Mas que vergonha, ainda no lugar que eu deixei, isso é um absurdo. Transamos e ela foi embora. Deixou o Çutiã…
—girino 20:17, 17 Outubro 2007 (BRT)