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2007 August 02 13:21:35 BRT

Pesadelo de mineiro

Tava hoje na hora do almoço indo pro restaurante, e a Anita estava especialmente inspirada. Ela soltou essa:

Pesadelo de mineiro é assim: Você tá lá, dando tchau de mãozinha fechada, prestando atenção nos escorpiões que saem do seu bolso:

  • Tchau mamãe, tchau mamãe!

Quando sua mãe briga com você:

  • Dá tchau direito, menino!

E você começa a abrir a mão devagarinho e os dinheirinhos saem voando da sua mão e do seu bolso e você começa a ficar nervoso, nervoso e a suar e suar (pra ver se o dinheiro gruda no seu suor), mas não gruda e o dinheiro continua voando pra longe e você ficando mais nervoso e acorda assustado.

Mais que depressa você tem de correr pra olhar debaixo do colchão pra conferir se seu dinheirinho continua lá bem guardado!

girino 13:26, 2 Agosto 2007 (BRT)

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2007 October 27 15:20:49 BRT

Do Muriloq por email:

Solução para VMWare lento com host Ubuntu, guest XP

Opa.

Eu passei alguns dias brigando com o VMWare. Eu tenho uma VM 5.x, Windows XP Pro, altamente customizada (desabilitei todos os serviços desnecessários), que rodava razoavelmente bem na minha máquina antiga, que era meia boca.

Essa VM, no meu Core 2 Duo com 1GB de RAM e disco SATA, ficava insuportavelmente lenta – de demorar dez, vinte segundos para abrir o menu iniciar. O mais estranho é que o host (Ubuntu 7.10) mostrava que o uso de CPU e RAM estava baixíssimo – era o VMWare que não estava usando mesmo.

Outra evidência estranha: a load average (the load average tries to measure the number of active processes at any time) estava altíssima, acima de 7 muitas vezes acima de 11. Eu suspeitei que fossem problemas de I/O – estava particularmente preocupado com o disco SATA. Também achei que tivesse a ver com os dois núcleos do C2D.

Acabei descobrindo o problema: é o CPU scaling frequency (o que reduz o clock dos processadores / cores de acordo com a demanda, pra reduzir o consumo). Testei isso desabilitando o ACPI (acpi=off na linha de boot do kernel no GRUB/LILO). Depois que reiniciei a VM ela entrou rápido feito notícia ruim! 🙂

Mas não queria deixar o ACPI desligado – uma das coisas que gosto da minha máquina é o baixo consumo e ruído dela. Então fui atrás de uma forma de forçar o clock mais rápido pra quando fosse rodar o VMWare. Descobri que a gnome applet que mostra a freqüência atual da CPU é capaz de modificar essa freqüência, mas isso não é habilitado por default no Ubuntu pra evitar problemas de segurança (um exploit dessa applet poderia sambar o clock da sua máquina, ou mesmo coisa pior). Para habilitar é simples, basta seguir as instruções aqui: http://ubuntu.wordpress.com/2005/11/04/enabling-cpu-frequency-scaling/

Depois de feito isso basta, antes de abrir o VMWare (e com a VM desligada, não suspensa) setar o clock pro máximo, e o governor (a política que determina como esse clock se adapta à carga) pra “Performance”. Flawless victoly! 🙂

Se alguém tiver blog de Linux (Og ?) e quiser postar esse mail, para documentar pro pessoal, fique à vontade. 😀


Muriloq

Meu blog não é de Linux, mas aqui está! —girino 15:23, 27 Outubro 2007 (BRT)

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2007 October 22 22:45:04 BRT

Esse é grande, pensei até em dividir em capítulos… Ah, mas um blog grande não doi em ninguém, então lá vai:

Meus assaltos

Pra quem vive no bananão[1], sempre tem um caso de assalto ou outro tipo de violência pra contar. Apesar de bem atento, é claro que eu também tenho os meus. E por increça que parível, nem todos foram no Brasil!

O primeirão

O primeiro não foi bem um assalto, foi uma tentativa de roubo da bolsa da minha mãe. Eu era novinho, uns 7 ou 8 anos de idade. Meu irmão era um pouquinho mais velho, talvez uns 10 anos. Alias, como não lembro das datas, esse pode nem ser o primeiro, porque pode ter acontecido antes, durante ou depois do segundo. Enfim, escolhi uma ordem e vou ficar com ela.

Era início da década de 80, quando eu morava na frança e saímos de férias pela Itália. O roteiro era estronho. Algo como Milão, Veneza, Pisa e Nápoles (meu irmão tinha estudado Pompéia na escola e queria porque queria ver o Vesúvio. Eu queria também, criança adora vulcão, dragões e bruxaria. Gente queimada? Melhor ainda!

E fomos…

Foi em Pisa, um dia a noite, quando voltávamos pro hotel que aconteceu: Primeiro uma gritaria, depois um bando de gente correndo. Depois minha mãe gritando, eu correndo atrás dela e acho que pendurei na bolsa dela, ou puxei, ou sei-la. Meu irmão não entendeu bem, gritou também e correu. Os que puxavam a bolsa pra frente não conseguiram levar, a alça era forte, de couro, e não arrebentou. Acho que um deles estava de moto, pra fugir mais depressa, será?

Fui tudo muito rápido. Minha mãe caiu no chão, meu irmão alcançou a gente e os trombadinhas fugiram. Não sei se chorei, mas devo ter…

Enfim, voltamos pro hotel com o velho orgulho de brasileiro velho de guerra, imune aos assaltos bobos dos europeus, totalmente abalado. Aprendemos da pior maneira:

  • No mundo inteiro se assalta, em alguns lugares mais, noutros menos, mas em todo lugar, sempre!

O segundo

Foi ainda nos tempos de França, na bela e ingênua Les Ulis. Cidade industrial, habitada por operários, portugueses e árabes[2]. Alguns africanos sub-saarianos (hoje provavelmente maioria, na época nem tanto). E nem foi um assalto, foi um furto. Mas o desfecho foi interessante, então vale a pena contar.

Pra deixar claro, antes de tudo, sempre fui chorão! Desde bebê fui birrento, chorão e chato. Hoje sou só birrento e chato (e choro quando vejo filmes de animação da Disney, porque sempre tem uma cena triste). E nessa época, mais ou menos a mesma do primeiro assalto, não era nada diferente.

Pois então às terças e quintas (ou segundas e quintas, ou terças e sextas, ou qualquer outra combinação de dias que não me lembro bem) eu tinha aulas de judô. A rotina era a mesma: saia da aula, íamos eu, meu irmão e mais 2 ou 3 colegas. Trocávamos de roupa no vestiário, vestíamos os quimonos, guardávamos as mochilas nos escaninhos (sem portas, diga-se de passagem) e íamos pra aula.

Só que dessa vez tinha uma diferença: (aqui a memória me falha e pode ser ou não da forma como eu lhes vou contar, caros espectadores, mas enfim, acreditem piamente, pois a essência de tudo é a verdade da pureza de coração, e suas almas se abrirão para a verdade se tiverem fé no que digo… ou não… Voltando então à diferença:) Eu estava de relógio. Alias, eu acho que sempre estava de relógio, mas dessa vez um dos moleques árabes estava de espreita (as aulas eram cheias de árabes, como toda a cidade). Ou as vezes eles também sempre estavam e eu nunca tinha reparado. Ou dessa vez os que estavam de espreita não conheciam as regras, ou sei-la. Nem especulo mais.

Sei que quando saí da aula, o relógio tinha sumido. Tinham mexido na minha mochila e levado o relógio.

Como era de se esperar, abri o berreiro! Chorei, esperneei, gritei e tudo mais. O professor, claro, veio ver do que se tratava. Expliquei o que pude entre os soluços enquanto meu irmão explicava o resto. Um dos garotos mais velhos então contou:

  • Eu vi o Ahmed mexendo nos armários e ele até mostrou um relógio pros outros meninos. Será que não foi ele?

Munido da descrição do relógio e da direção que o ahmed tinha tomado (apesar que a cidade era pequena e quem frequentava o judô era só gente do bairro. Seria fácil descobrir onde ele morava) o professor foi correndo atrás dele. Nesse meio tempo, ainda choroso, fui pra casa.

Claro que criança, no dia seguinte já tinha esquecido tudo. Acordei alegre e fui pra aula. Fiz as bagunças de sempre, que me valiam sempre um 0 em “comportamento” (sim, sim, lá naquela terra ultramarina ainda se usa dar nota por comportamento das crianças na escola. Por culpa dela minha média nunca era 10). E na hora do recreio, o Kareem veio me procurar:

  • Oh girino, desculpa. Se eu soubesse que o relógio era seu eu não teria deixado meu irmão pegar!

Coincidência ou não, o menino que tinha roubado meu relógio era irmão de um colega meu de sala. O Kareem me entregou de volta o relógio, com direito a um pedido de desculpas do irmão mais tarde, na próxima aula de judô.

Mais uma estória com moral: Não sei o quanto o medo de um professor de judô grande e forte (ui!) tem a ver com isso, mas ser amigo da bandidagem sempre tem seu lado bom!

O terceiro, ou o primeiro dos que nunca aconteceu

Esse foi na minha adolescência, lá pros meus 14 anos. Magrelo e miudo (sim, eu não era gordinho na época… juro!) era um alvo fácil pra meninos maiores.

Eu voltava do colégio a pé, pela Av. Antônio Carlos, e subia uma ruazinha que entrava no meu bairro. Na esquina dessa ruazinha tinha um boteco copo sujo, de cerveja barata, cheio de pedreiros, taxistas e malacos de todo gênero. Tinha uma fabriqueta também, que fazia pastas de papel, destas de arquivo. E outras oficinas, madeireiras, pedreiras e coisas do gênero. Enfim, na hora da minha ida pra aula, era apinhada de operários descansando sob as árvores, e na volta da aula, eu cruzava (no bom sentido) com eles todos voltando pra casa. Eu era figura conhecida do dia dia deles, e eles do meu. Coisa de um bom dia aqui ou ali, acenos e coisa e tal. Mas nada mais longo que um bom dia ou boa tarde.

Nesse dia, quando passei pelo boteco, já vi logo um metaleiro, cabeludo, de espreita. Ele parecia tar mesmo precisando de alguma coisa. Apressei logo o passo, mas ele começou a me acompanhar, pelo outro lado da rua. Com medo eu disfarçava e acelerava, mas ele acelerava também, até que veio pro meu lado da rua. Na mão ele trazia uma garrafa de vidro, daquelas de coca cola, duras pra quebrar, boas pra bater!

De medo, não tive coragem de olhar pra trás. Mas logo adiante passei por um dos operários. Um mais velho que eu já cumprimentara antes. E quando eu vi, ele acelerou e começou a falar com o metaleiro atrás de mim.

Um operário, é claro, é muito maior e mais forte que um adolescente metaleiro afim de assaltar outro. Então tive coragem de olhar pra trás e vi: A garrafa estava pronta pra bater, e a direção era minha cabeça. Com o operário por perto, a coragem do outro sumiu, e não fui eu pra ver o resultado da coisa. Pelo tom da conversa, foi só uma reprimenda. Sei que corri até em casa, onde suspirei fundo: Era o primeiro dia em que tinha levado minha calculadora científica, uma coisa rara e difícil de se obter, pelo menos na época e nos meios que eu freqüentava. E ela foi salva por um dos operários que eu cumprimentava no caminho. O galo na minha cabeça seria com certeza um prejuízo pior, mas mesmo assim o alívio de salvar a calculadora foi grande. Tentei agradecer o operário, mas nunca mais vi, até que esqueci a cara dele. O metaleiro também não.

Será que tem moral nessa estória? Algo como: cumprimente os operários e eles te salvarão? Não sei, tá mais pra: quem tem sorte não é assaltado! Ou então: Metaleiros não sabem assaltar!

Aparte

Tou achando que este texto não dos meus assaltos mas dos meus quase assaltos. Até agora nenhum deu certo. Bem, talvez o próximo…

O quarto, ou aquele que deu certo

Finalmente, tinha de chegar a um assalto que deu certo. Mas foi por pouco…

Meu pai tava em BH, na casa da minha tia. Lá no centro, perto do shopping cidade. E eu fui lá pra ver ele. Na volta, eu sempre descia e tomava o ônibus 1202[3] na esquina de são paulo com tupis. Só que já tava de noite, o ponto vazio, e eu no alto dos meus 15 anos resolvi esperar assim mesmo. Então surge um malaco amador. 16, 18 anos. Não sabia avaliar na época (e até hoje não sei). Era maior e mais forte que eu, com certeza. Mas não tinha aqueeeeeeela cara de malaco… era um malaquinho em treinamento. Mas eu era um burguesinho em treinamento, então dá na mesma. De cara ele já chega cometendo erros crassos:

  • O 1803[4] passa é aqui?

E como nunca tinha ouvido falar desse ônibus, perguntei, inocente: Qual?
Aí olhando melhor pra placa que listava os ônibus e percebendo o próprio erro ele tenta remendar:

  • O 1503[5] passa é aqui?

Percebi que tinha alguma coisa errada, mas minha inocência falou mais alto que meus instintos e decidi ficar. Enquanto isso o pré-malaco ficava rondando, vigiando, parecia com medo. Pediu dinheiro pra passagem dele. Disse que só tinha o trocado da minha, que não ia ter como pagar a dele. Continuou rondando, até que chegou perto de mim. Perto demais, diria, e aí caiu a ficha:

  • Ó eu só maior que você, se você tentar correr eu te quebro. Me dá sua grana aí que eu preciso pra voltar pra casa.

Eu insisti que só tinha a grana da passagem, e ainda tentei argumentar. Mas ele exigiu: Então mostra.

Tentei uma de prestidigitador. Mostrei, com as notas pequenas na frente, abrindo elas, fingindo não ter nada atrás. Nem sei os valores, na época nem existiam os reais e as notas eram nas casas dos milhares, ou até mais. Por um momento ee aceitou, mas aí o olhar de dúvida passou pela mente dele:

  • Vira as notas.

Não teve jeito, tive de mostrar. O dinheiro era pouco, algo que não chegava aos 15 reais em dinheiro de hoje. Talvez não chegasse a 10! Ainda assim eu argumentei:

  • E como eu vou voltar pra casa?

Comovido, assustado, ou seja lá o que for, ele tirou do bolso um vale transporte e me entregou:

  • Toma, pode voltar com esse vale.

Aparte 2

Depois disso fiquei um pouco paranóico, aprendi um pouco, e virei riponga. As 3 coisas me ajudaram a ficar fora de encrencas durante um bom tempo. Quer dizer, ficar fora de assaltos… Encrecas eu me metia toda semana… Ou mais…

Mas disso tudo vem também o próximo caso, que não chega a ser o 5º porque não sei se viria a ser…

Quarto e meio, ou o segundo dos que nunca aconteceu

Voltando, como sempre, no mesmo cenário: A ruazinha que sai da antônio carlos e vai pra casa da minha mãe. Muda a época… Eu agora tenho 20 e poucos anos, cabelo maior, roupa mais solta, estilo meio Hippie moderno, pulserinhas trançadas, sandálias de couro, calça jeans rasgada…

Muda também o horário. Não sei direito, mas já era noite. Nem tão tarde assim, porque o cursinho que abriu no lugar da pedreira estava tendo aulas…

E foi atrás do cursinho que aconteceu.

De longe eu vi chegando um malaco. Não dava pra ver direito quem era, só o gingado do andar de malaco. De longe ele me viu e chamou:

  • Vem aqui pra luz preu ver quem você é!

Fui pra perto do poste, ele também veio. Era um cabeludo mais velho, conhecido da juventude rebelde do bairro. Loiro, barbudo, passava o dia inteiro nas ruas do bairro, fumava com todos, cheirava com tantos. Enfim, malaco conhecido, respeitado pela região. Quer dizer, em bairro de classe média, sabe como é… Respeitado pela “galera do mal”, temido pelos adolescentes playboys e ignorado pelos nossos pais. Pra eles era só “o filho maluco da dona fulana, coitada, ele num presta pra naaaada! Desempregado até hoooje…”[6]

Aí é que entra o “meio” da estória. Será que se não fosse eu ele ia assaltar? Ia só assustar? Ia fazer alguma coisa? Não sei, sei que o resto foi meio surreal:

  • Ah, você eu conheço! Vem cá, preciso de ajuda pra olhar um negócio aqui, me dá pezinho.

Me guiou até o muro do cursinho, dei pezinho pra ele, e ele subiu. Não sei exatamente o que queria ver, mas satisfeito com o que viu, desceu e despediu de mim. Voltou pras sombras. Pra esperar o próximo? alguma vítima? ou era só curtir a loucura de algum baseado mesmo?

Vai saber…

O quinto, que fez meu sobrinho achar que eu sou herói

Eu tava nervoso, Alguma coisa no serviço não tinha dado certo, ou tinha, sei-la, e além de tudo a minha sobrinha tinha acabado de nascer. Eu todo suado de um dia de trabalho com ar-condicionado estragado no caro da Anita, que nem era dela, e com a pressão de voltar pra casa com ele antes de escurecer pra não tomar bronca do pai. Era final de tarde e íamos visitar a recém nascida. Sei-la de onde saímos, íamos pros lados da Silviano Brandão, onde tem uma maternidade. O caminho óbvio passava pela Afonso Pena, e naquela época não tinha guaritinhas bonitinhas com gambés dependurados nem câmeras de vigilância pra todo lado.

Parados no sinal, eu meio dormindo, meio alerta, naquele estado que só gato escaldado, lebre e leão ficam enquanto dormem e vigiam a presa e o predador. Não sei se ele não me viu, se o desespero era tanto, sei que derrepente meu cérebro “acordou” ao som das palavras mágicas:

  • Ô dooona[7], me dá dez real?!?

O automatismo do processamento foi rápido:

  1. Ninguem pede 10 reais. Pede 10 centavos, 1 real, até 2! 10 é no mínimo extorsão e quase certamente assalto!
  2. “me dá” não é jeito de pedir. Ele estava “exigindo” dez reais! Com certeza era assalto.

Olhei pro lado e da mão dele, já toda enfiada pra dentro do vidro aberto do carro saia algo pontiagudo e brilhante. Caco de vidro? Faca? Pedaço de latinha de cerveja afiado no meio fio? Se-lá, e nem tive tempo de saber. Dei um tapa na mão dele, que ele tirou logo de dentro do carro e comecei a ameaçar:

  • Some daqui, moleque, senão eu te quebro! Some, sai correndo antes que eu abra a porta do carro.

Enquanto isso eu lutava co mo cinto de segurança, esbravejava e o moleque andava pra trás. Só aí comecei a ver a situação: era um menino de uns 13 anos, subnutrido e raquítico. ele chorava, com medo de correr e com medo de ficar, tremendo um pouco, tentando esconder o objeto cortante:

  • Oh moço, num me bate não, eu só fiz isso porque tô com fome. Num me bate não.
  • Corre senão eu vou te quebrar, moleque!
  • Num me bate não moço…

Até que o sinal abriu, a Anita arrancou o carro e o moleque ficou pra trás.

Ela, ainda sem entender, me perguntou o que foi aquilo.

  • Você não viu não? Ele tentou te assaltar!

A coisa foi tão depressa que ela nem tinha percebido a faca, a frase “mágica”, as ameaças e os outros detalhes.

Finda a coisa toda, chegamos na maternidade. A adrenalina ainda alta no meu sangue, contei o caso pra todo mundo. Meu sobrinho, com 4 anos na época, não lembra mais de nada do caso. Só lembra que eu briguei com o assaltante e salvei a Tia Anita. Pra ele eu virei Herói.

Essa estória me ensinou uma moral, que acabei esquecendo de por em prática no último causo: Sigas seus instintos, desconfie dos detalhes, não dê asa a cobra!

Por-ultão[8], quando eu tinha 500 reais na carteira, meu celular virou faca e eu acabei dando 5 reais pro assaltante tomar ônibus

Ixi, contei o final ;). Mas é bem assim. Ganhamos um Bônus no serviço, que tinha de ser pago em espécie. Era o jeito mais seguro de não pagar imposto ou o que quer que seja em cima dele. E tava tudo na minha carteira, em notas de R$ 50,00. Peguei carona com o elton, e ao invés de descer no Diamond Mall, resolvi descer na praça da assembléia. Nem era tarde, umas 8 ou 9 da noite. Escuro, claro, mas não tarde. Tinha movimento na rua, e o ponto do lado oposto da avenida tava lotado. Mas do meu lado tinha só um cara, e outro atravessando a rua, que ele chamou.

De longe eu vi: é malaco!

Mas não, meu “eu” politicamente correto falou mais alto:

  • São só dois filhos de Deus, que não tiveram a mesma sorte que você, querendo também pegar um ônibus.

Pra quê! Não demorou 2 minutos e um deles já me abordou:

  • Aí, nós tamos sem grana pra pagar o ônibus, tem como você pagar a passagem pra gente?

Ainda acreditando na bondade humana, respondo:

  • Não se preocupa, dentro do ônibus eu acerto com o trocador e fica tudo certo.

Mas ele não se convenceu, ou melhor, não tinha recebido o que queria.

  • Olha, nós somos da pedreira, você conhece a pedreira[9]?
  • Conhecer, não conheço não. Mas já ouvi falar!
  • Pois é, lá na pedreira a gente só anda berrado, tá ligado?

Nisso ele levantou a camisa e mostrou, preso na cintura, o “berro” que ele estava carregando.

Durante algum tempo ele exaltou pra mim as virtudes de ser da pedreira, tentou me vender a arma por 300 reais, pediu (ou melhor, ordenou) pra eu não levantar as mãos daquele jeito senão iam pensar que ele tava me assaltando; ameaçou que se eu chamasse a polícia, ele até ia preso, mas que ele já tinha sido preso antes e que em uma semana ele tava solto e ia atrás de mim, e mais um monte de coisas.

Acho que ele tava inseguro, ou não conseguia se expressar, ou eu que sou bom de papo. Mas em nenhum momento desse tempo que pode ter durado só 5 minutos, mas pra mim foi uma eternidade, ele me pediu minha carteira, meu dinheiro ou anunciou um assalto. Ele sempre tentava me assustar, nunca pedia ou exigia nada.

Aí o amigo dele chegou pra perto:

  • O que e isso daí no seu bolso?
  • É meu chaveiro.

(Na verdade era o celular)

  • Tem certeza? Não é uma faca não? Não põe a mão nesse bolso não…
  • Não, que isso. E mesmo se fosse uma faca eu não ia tirar ela pra vocês…

E enquanto corre a discussão sobre a faca, o ônibus desponta de longe: Vrummmmm… (que onomatopéia horrível!)

  • Você não vai dar sinal presse ônibus não, você pega o próximo!

Foi aí que não sei como, me deu a louca, eu vi a luz, ou seja lá o que for! Sei que dei sinal e o ônibus parou bem na minha frente, quase no mesmo instante. O trocador veio logo pra porta, ver o que tava acontecendo. O malaco ainda tentou uma última:

  • Mas e passagem da gente que você ia pagar?

No susto, abri a carteira cheia de notas de 50 (e o malaco viu o que tava perdendo), tirei uma nota de 5 reais (a menor que eu achei), entreguei pra ele e corri pro ônibus.

Lá dentro o motorista e o trocador me deram a dica: esses dois estão todo dia aqui nessa região. Nesse ponto ou no outro ali de baixo. Já assaltaram vários velhos por aqui.

Eu pelo menos paguei só 5 reais pelo erro de não confiar nos meus instintos. Nada mal pro meu primeiro assalta a mão armada!

Conclusão

Queridos leitores, eis minha conclusão:

  • Se vires na rua um malaco, não dê asa a cobra: Foge que é assalto!

Notas

  1. ? by Ivan Lessa (eu acho)
  2. ? Na verdade argelinos, alguns tunisianos e um ou outro marroquino
  3. ? Pronuncia-se Doze-Zero-Dois, pra quem não é de BH ou não era vivo na época, ou nunca andou de ônibus, ou seja lá qual for a desculpa pra não saber.
  4. ? Dezoito-Zero-Três…
  5. ? Quinze-Zero-Três…
  6. ? as vogais repetidas são pra dar a ênfase devida do dialeto mineirês.
  7. ? vide o comentário do mineirês mais acima.
  8. ? É uma longa estória, vem da casa dos meus avós, quando minha mãe era pequena. Quando corriam os oito filhos pra mesa, o primeiro gritava “primeirão”, o segundo “segundão”, e quem chegava “por último” era o por-ultão.
  9. ? Pedreira Prado Lopes, uma das favelas mais perigosas de BH.

girino 22:47, 22 Outubro 2007 (BRT)

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2007 October 20 15:59:14 BRT

Em sequência a uma discussão sobre rotular ou não rotular a web como 2.0, soltei isso daí num email:

Web 2.0

A grande diferença entre a web 1.0 e a web 2.0 é que a web 1.0 funcionava que nem a TV ou os jornais: Você vê o que os outros querem produzir.

A web 2.0 é o contrário, qualquer um pode produzir, independentemente de alguém querer ver.[1] Isso é uma mudança de paradigma IMPORTANTÍSSIMA, no meu ponto de vista. E merece um upgrade no número de versão SIM.

Não é uma mudança tecnológica que tornou a web 2.0 e sim uma mudança filosófica, ideológica, comportamental!

Flash[2] é uma ferramenta, assim como HTML que se encaixa nas duas webs, na 1.0 e na 2.0.

E os Blogs foram sim um elemento importante na transformação de web 1.0 para web 2.0. Eles permitiram que TODO MUNDO se tornasse provedor de conteúdo. Só que eles sozinhos não serviriam de nada, não fossem também outros elementos:

  • Redes sociais rightarrow divulgação de conteúdo independente (feitos por blogs)
  • Youtube e similares rightarrow Produção independente de outros tipos de mídia
  • Wikipedia -> a rede social dos nerds e estudantes de pós graduação 😉
  • redes P2P e/ou TiVO rightarrow veja o que quiser, onde quiser, quando quiser. “Empowerment” do espectador.
  • E o grande esquecido da estória: Banda larga a preços acessíveis! Sem banda larga, adeus Web 2.0.

Então, deixe seus preconceitos de lado e veja a LUZ… Web 2.0 existe sim, mas ela está na cabeça de todos nós… é uma nova filosofia, uma nova prática e não uma nova tecnologia!

Notas

  1. ? Essa frase é do Nemo Nox, a minha farse original era “você produz o que os outros querem ver”. Mas concordo que a dele ficou bem melhor…
  2. ? Num dos emails um dos interlocutores dizia que a única grande mudança técnica que ele via era o Flash, o que não justificava mudar o rótulo de 1.0 pra 2.0.

girino 16:15, 20 Outubro 2007 (BRT)

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2007 October 17 19:53:49 BRT

Esse é das antigas, desenterrei ele de um ex-ezine de poesias que meu irmão tentou manter (tinha sido um fanzine em papel, depois virou e-zine, depois virou google cache, depois nem isso, enfim…).

Era minha época de segundo grau… Ainda no século passado quando as moças eram formosas, o tempo era menos quente e eu não comia ninguém… O professor de português, que também era poeta (e famoso, pro nosso bico) vivia nos incentivando a escrever, com todo tipo de oficina. Dessa vez foi assim:

Ronald: Cada um vai falar uma palavra com a letra C e eu escrevo aqui no quadro.
Alunos: Casa! Comida!
Aluno engraçadinho: Caralho!

E o Ronald escrevendo… Ele anotava essas coisas também porque o engraçadinho acabava ficando sem graça e parava.

Até que chegou minha vez:

girino: Çutiã!

(risada geral)

Alunos: Sutiã é com ésse, seu retardado!

Mas o Ronald não teve dúvidas, e colocou no quadro:

Çutiã

E nesse dia nasceu esse conto:

Çutiã

by girino

Ela tirou o Çutiã e deixou ele na mesa. Transamos e ela foi embora. Deixou o Çutiã. Droga!! O que eu vou fazer com aquele Çutiã? Joguei fora.

. . .

Dling-dlong! Abri a porta: Ô seu moço, foi u sinhô qui perdeu esse Çutiã? Achei lá no lixo e pensei que só pudia ser coisa do sinhô e que caiu lá puringano. Tó! Peguei, fechei a porta, fui na cozinha. Joguei aquilo na triturador de lixo!

. . .

Bzz! Bzz! Bzz! Alô, aqui é da Copasa. Nós já mandamos pelo correio o Çutiã que o senhor deixou cair no triturador. Abri a caixa de cartas: Çutiã!! droga! Jogar na privada? não, não, não! a Copasa manda. Joguei no riacho pra água levar!

. . .

Aqui! Eu sou da prefeitura e eu acho que esse Çutiã veio do riacho que passa atrás da sua casa, deve ter caido do varal. Mil vezes droga! Joguei ele em cima da mesa!

. . .

Sabia que tinha esquecido ele aqui! Mas que vergonha, ainda no lugar que eu deixei, isso é um absurdo. Transamos e ela foi embora. Deixou o Çutiã…

girino 20:17, 17 Outubro 2007 (BRT)

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2007 October 16 09:32:46 BRT

Mas porque o Ítalo?

A resposta simples é:

Agora temos de contextualizar a pergunta… Aconteceu assim:

No escritório onde trabalhávamos, tinha dois sujeitos de sexualidade suspeita (pra usar eufemismos politicamente corretos pro termo “bicha louca”), que eram constantemente usados como “munição” nas brincadeiras com os outros colegas. Um deles era o Valmir, um dos colegas mesmo, que apesar de descobrimos mais tarde que ele não era viado, tinha atitudes suspeitas. O outro era um dos clientes, o Antônio, que passava as tardes navegando em sites de fotos de “homens de sunguinha”[1].

O Maurílio era um dos manoteiros preferidos para as piadinhas. E dessa vez não foi diferente! O Giraldino soltou logo a piada:

  • Se virar este banquinho de cabeça pra baixo dá pra economizar espaço e sentar 4 pessoas, o Antônio, o Valmir, o Ítalo e o Maurílio.

O Maurílio, encucado com a piada, pensou, pensou, pensou e soltou a pérola, já sabendo das conseqüências:

  • Eu sei que vocês vão me gozar por isso pra sempre, mas… Porque o Ítalo?

Notas

  1. ? Segundo outro colega manoteiro: Mas homem de sunga é MUITO mais sensual que homem pelado!


girino 09:46, 16 Outubro 2007 (BRT)

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2007 October 12 12:15:45 BRT

Lilica caiu da árvore

É isso mesmo. Mas ela está bem… Antes que perguntem…

Não sei se todos os acompanhantes desse blog[1] se lembram de quando eu postei videos da lilica subindo na árvore aqui perto de casa… Foi ainda na época em que eu não tinha site e meu blog era no multiply… Bom, o vídeo tá no seutubo:

Vídeo da Lilica subindo em uma árvore.

A seta indica a direção pela qual a Lilica seguiu na árvore. Não dá pra ver o ponto final, depois arrumo uma foto melhor

A seta indica a direção pela qual a Lilica seguiu na árvore. Não dá pra ver o ponto final, depois arrumo uma foto melhor

Hoje estávamos passeando com ela pelo mesmo gramado e de novo ela seguiu um calango… De novo ela subiu na árvore… (E estava sem a guia, senão seria “fácil” trazê-la de volta). Só que ela ficou mais corajosa: Não parou nesse primeiro galho… Não… Ela seguiu mais pro alto… Passou pelo galho (indicado na foto) e seguiu mais uns 3 ou 4 metros pra frente (o galho é longo, mas a inclinação dele é bem pequena) até um ponto onde ele bifurcava de forma abrupta, e ficava quase na vertical. Sem saber o que fazer nesse ponto e sem conseguir continuar, ela pensou na possibilidade de pular, mas acabou desistindo, e ficou algum tempo ponderando as hipóteses…

Enquanto isso, eu tentava convencê-la a voltar, chamando de volta para a base da árvore, onde a subida tinha começado. A Anita, por outro lado, tentava chegar em baixo do galho onde ela estava. mas andando devagar, pra ela não se assustar. Nesse momento ainda ninguém estava preocupado. Ela nem estava tão alto assim (uns 3 metros do chão talvez?), e ela não se atreveria a pular sem alguém por baixo dela.

Só que antes da Anita chegar lá, aconteceu o inesperado: Ela tentou fazer meia volta… Mas o galho era estreito demais. Ela perdeu o equilíbrio, escorregou, ainda esperneou um pouco… Mas acabou caindo antes que conseguíssemos segurar.

Foi um susto só… Eu acompanhei a queda, meio atônito, meio assustado, meio incrédulo. Quando ela chegou no chão, ainda assustado, dei graças a Deus (insira aqui seu amigo imaginário predileto): Ela caiu em pé, que nem um gato, e saiu logo correndo pra longe do local (passando por trás de mim mas me evitando, de certa forma, será que ela me culpa pela queda? por não proteger ela?), chorando, rabinho entre as pernas, encolhida, com 2 quilômetros de língua pra fora, respirando rápido e jeito assustado. Corremos pra ela, os dois assustados, com medo de ela ter se machucado. Eu já gritei logo:

  • Vamos correr pro veterinário. Ela pode ter machucado.
  • Calma, Xuko (a Anita me chama assim, um dia eu explico, mas é uma longa estória), vamos ver primeiro se ela se machucou!

(bom, o diálogo escrito não parece bem com o que ocorreu, nesses momentos de desespero o mineirês se exacerba, e o diálogo fica mais assim:)

  • Vão corrê cum é’a pu veterinário. É’a pó tê machucado…
  • Ca’alma, Xuko, vão vê primêro sie’a machucô!

E ficamos lá fazendo carinho nela, ela até ela se soltar um pouco mais…

Demorou alguns minutos e ela já aceitou andar, ainda com o rabo baixo (quem conhece ela sabe que isso NUNCA aconteceu antes, o rabo dela é igual uma antena, sempre em pé… dava até pra fazer propaganda de viagra, e tals…)

Quando ela começou a rodar em volta de um mesmo lugar, atitude típica de quando ela está se “concentrando”

Com o tempo ela se acalmou, mas ainda estava ofegante uns 10 ou 15 minutos depois…

Bom, eu vou sair agora pra levar ela no veterinário, depois an volta conto o resto da estória…

girino 12:50, 12 Outubro 2007 (BRT)

Saí e acabamos não indo ao veterinário. Chegando lá em baixo do prédio ela se animou e voltou a brincar normalmente, então acabamos deixando ela “em observação” mais um tempo. Continuando então…

Quando ela começou a rodar em volta de um mesmo lugar, atitude típica de quando ela está se “concentrando”, percebi tudo: Ela tinha literalmente, se “borrado” toda. Não deu outra, acabou soltando um barrinho mole. Mas acho que isso fez um certo bem à ela 🙂

Com o tempo ela se acalmou, mas ainda estava ofegante uns 10 ou 15 minutos depois, e com 2 metros de língua ainda pra fora. Preferimos voltar pra casa pra esperar ela se acalmar. Ela ainda receosa, deitou no gramado da frente do prédio e não queria sair de lá. A Anita acabou trazendo ela no colo pra casa. Aqui dentro, ela ficou um bom tempo deitada em frente à vasilha de água, bebendo um golinho de vez em quando. Resolvemos dar nela um banho, porque ela estava bem borradinha (ver parágrafo anterior) e se subisse no sofá faria alguma sujeira…

Depois do banho ela ainda estava tremendo um pouco, não sabia se era de frio ou de medo, e me pareceu ouvir um choro por baixo da respiração rápida dela, foi quando eu escrevi aquilo riscado ali em cima bem as pressas, pra poder levar ela pro veterinário. Mas acabou que deu tudo certo, ela preferiu brincar no gramado de novo a ir ao veterinário (eu também preferiria, diga-se de passagem).

Descemos pro almoço no comida a quilo ali da comercial, e ela pareceu se acalmar bem. O rabinho ainda não voltou a ser aquela antena, sempre em riste, mas aos poucos está subindo mais. Vamos ver se ela se recupera do susto ou a pfizer vai precisar de outro garoto propaganda pras suas pílulinhas azuis

(confesso que a primeira parte do texto tá bem melhor escrita… acho que quando ela ficou boa, perdi a inspiração, ou o desespero de escrever, sei-lá… Mas vai assim mesmo…)

girino 15:11, 12 Outubro 2007 (BRT)

Notas

  1. ? i.e. a Feiosa

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2007 August 05 13:05:14 BRT

Rec6

Este post vai ser um “rant” típico de blogueiro amador:

Cadê o Rec6 que tava aqui ontem?

Saiu do ar??? Mudou de endereço?

Sei que agora só me resta o Linkk.

girino 13:07, 5 Agosto 2007 (BRT)

Update

O problema é só pra quem usa virtua. Pedi pra testarem com Velox e com way e todos entram. Quem tem virtua, não funciona! Esse virtua me deixa cada dia com mais raiva! —girino 14:51, 5 Agosto 2007 (BRT)

Update 2

Depois de cerca de 3 horas de telefonemas com o suporte da Net (por 3 vezes “prometeram” me transferir para o suporte de 2o nível, por 3 vezes a ligação caiu depois de cerca de 15 minutos na “musiquinha”, na quarta vez agendaram uma verificação da rede em até 4 horas e uma visita aqui em casa na 3a feira), o problema parece estar resolvido.

Mas nesse meio tempo apelei de com força com o serviço LIXO da Net, e contratei a Brasil Telecom. Cansei da Net… Acho que vou escrever um post sobre a droga que é o atendimento da Net mais tarde. —girino 21:20, 5 Agosto 2007 (BRT)

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2007 October 04 22:14:13 BRT

De caramulhãozinho Famaliá até Javé, passando por um pouquinho de história

Saiu de uma lista de discussão… Citaram alguma coisa de caramulhãozinho, que era um tipo de Famaliá, ou capetinha doméstico (um house elf da vida). E acabei soltando o que sei:

girino wrote:

Acho que esses “familiares” vem dos “lares” pre-cristãos (vem da mitologia dos indo-europeus e existem em todas as mitologias pós-indoeuropeias como nos romanos, nos gregos nos indianos, etc…).

Como tudo pós catolicismo, os seres mitológicos mais antigos viram automaticamente “capetas” quando o cristianismo toma o poder 🙂

E quando alguém continuou sobre o assunto, e os panteões gregos entraram no meio, tracei uma cronologia:

girino wrote:

O Fustel de Coulanges (in “Cidade Antiga”) faz uma espécie de cronologia da evolução dos deuses desde os “lares” até os panteões do olimpo

A idéia é a seguinte:

primeiro cada família tinha um lar… Cada micro-tribo era uma família então todos tinham um lar (em geral associado a um animal totêmico ou a um ancestral heróico).

Quando as famílias começaram a se juntar (ou a crescer demais) e formarem tribos, alguns “lares” de famílias dominantes tomavam o poder e viravam os deuses daquela tribo. Em geral era na verdade uma família associando seus lares com os da outra família e interpretando como sendo manifestações diferentes do mesmo deus. Mesmo assim, a tribo tinha um culto X enquanto cada família mantinha seu culto particular ao seu lar.

Quando as tribos começaram a se juntar em cidades e reinos, os deuses dessas tribos (que eram uma evolução dos lares) se juntavam de forma a criar um panteão. Sempre um deus mais poderoso ficava sendo o Deus principal da cidade (Atena Partenos em Atenas, Jupiter em Roma, etc). Os Deuses tribais viravam deuses “inferiores” ou então “heróis” mitológicos (“Hércules“, “Jasão“, etc).

A partir daí a evolução varia dependendo da forma como essas cidades se organizam. Na grécia formou-se um panteão que era composto dos deuses das cidades mais poderosas. Em roma formou-se um panteão por associação (cada nova província conquistada incorporava seu Deus ao panteão para não desagradar aos conquistados).

Mas basicamente, os deuses poiliteistas E O NOSSO DEUS JUDAICO CRISTÃO DE CADA DIA NOS DAI HOJE, foram em algum momento os deuses domésticos (os lares) de alguém… O nosso javé era o deus doméstico da família do abraão, depois deus da tribo de abraão e por fim Deus de Israel e Judá.

Enfim, historicamente, até Deus era um capetinha desses famaliá.

girino 22:27, 4 Outubro 2007 (BRT)

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